sábado, 9 de novembro de 2013

Quase cadáveres





 Companheiros!

Há por aí quem diga
que nós não queremos trabalhar

São os que comem
o que nós produzimos
e se gozam da beleza e do conforto
do que sai das nossas mãos

"Não querem trabalhar"
"Não querem trabalhar"
"Não querem trabalhar"

Dizem-no e repetem-no
sem vergonha nenhuma
os que chamam um electricista
só para substituir uma lâmpada

Dizem-no e repetem-no
até à exaustão
os que não se comovem
com as viúvas e os órfãos
deixados por aqueles
que para apanharem o peixe
que eles comem
vão morrer no mar

Os que nunca plantaram uma couve
nem sabem os cuidados
que é preciso ter com ela

Os que nunca ordenharam
nem viram ordenhar
o leite que bebem
nem sabem como se faz
o queijo e a manteiga

São os que gostariam
que em toda a parte
fosse como no Chile de Pinochet
e na Argentina de Videla
no Marrocos de Hassan II
e no Egipto de Sadat
no Israel sionista
e na Indonésia de Suharto

São os saudosos
da Alemanha de Hitler
e da Itália de Mussolini
do Portugal de Salazar e Caetano
e da Espanha de Franco

São os que espumam de raiva
quando ouvem os nossos passos firmes
onde até há poucos anos
só ouviam o som dos bastões
a desbaratarem as nossas manifestações

São os que sentem a úlcera latejar
quando vêem os nossos desfiles
com máquinas e ferramentas
onde antes só viam passar
tropas fascistas
com tanques e baionetas

Passam os dias
a derramar veneno
a nadar na mentira
a mergulhar na calúnia
porque já não trabalhamos
para eles enriquecerem

Estão quase mortos
são quase cadáveres

O veneno que derramaram
a eles próprios mata
mas movem-se por aí
e incomodam

Cantemos
Cantemos companheiros
porque o presente somos nós

Marchemos
Marchemos companheiros
rumo ao futuro que nos pertence





Do livro "Memória Inconsumível" - Capítulo "Utopias"
Foto -  criticadodireito 



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